República em Coimbra sofre quinta ação de despejo, com os estudantes a recusarem-se a atualizar o valor das rendas. Primeira audiência do processo realiza-se amanhã, 11 de novembro. Por Flávio Bártolo e Inês Sanches
O senhorio da República da Praça resolveu avançar com nova ação de despejo contra os estudantes aí residentes, que rejeitam a celebração de um contrato com atualização da renda. A primeira audiência, relativa à ação de despejo, irá decorrer esta terça-feira no Tribunal Cível de Coimbra.
Com a nova lei do arrendamento, que entrou em vigor a 14 de agosto de 2012, o senhorio do imóvel pode aumentar o valor da renda para cerca de 700 euros, valor que, segundo o repúblico Tiago Carvalho, é “um aumento considerável” dado que as obras da casa foram, maioritariamente, feitas pelos inquilinos.
O aumento da renda foi rejeitado pelos estudantes, que não fizeram qualquer contraproposta. Os repúblicos consideram que este é mais um dos conflitos com o senhorio, a acrescentar aos demais que têm vindo a existir, desde a consagração da casa como República no final dos anos 80.
O conflito entre inquilinos e senhorio dura há largos anos, com quatro ações de despejo anteriores, sendo esta “a quinta”, indica Tiago Carvalho. A primeira ação de despejo decorreu no ano de 1989, uma vez que o senhorio não reconhecia o imóvel como sendo uma república.
Entre fevereiro de 1993 e Setembro de 1994 os repúblicos que habitavam o imóvel “estiveram sem água” e quando técnicos camarários tentaram resolver o problema “depararam-se com blocos de cimento postos pelo senhorio”, diz Tiago Carvalho.
Mais recentemente, tiveram de tomar banho “num alguidar enorme” durante dois meses, por terem ficado sem polibã, acrescenta o repúblico. As despesas de manutenção da casa, como a remodelação da cozinha, feita há dois anos e que custou cerca de sete mil euros, foram pagas pelos estudantes com a ajuda de “antigos” repúblicos.
Os estudantes dizem-se “dispostos a comprar a casa” por um valor justo, o que lhes é negado pelo senhorio. Como tal, os repúblicos pretendem que seja feita uma exceção na nova lei dos arrendamentos.
Até ao momento não foi possível contactar o senhorio para obter declarações.
Foto: Paulo Sérgio Santos
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