Dia do Estudante serviu para reivindicar melhorias no Ensino Superior. Centenas de estudantes marcaram presença num cordão humano em que mãos e vozes estiveram unidas. Texto e Fotorreportagem por Inês Duarte e Sandro Raimundo
A manifestação organizada pela Direcção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) começou no largo Dom Dinis e terminou em frente ao edifício da AAC. Os estudantes, de mãos atadas, protestaram pela reivindicação de melhores condições do Ensino Superior (ES) e contra a falta de financiamento que, entre outras consequências, obrigou ao abandono escolar dos alunos mais carenciados.
O movimento de protesto conseguiu unir a AAC e cinco associações do Instituto Politécnico de Coimbra. Para Bruno Matias, presidente da DG/AAC este foi “um dia histórico para a AAC, para a cidade e para todos os estudantes”. Marco Eliseu, representante dos estudantes do ensino superior do politécnico de Coimbra, também presente na manifestação, refere que “o que aconteceu hoje foi algo que já não acontecia há muito tempo” e defende que deve existir um “ensino gratuito, público e de qualidade para todos”.
Em resposta à rejeição do convite feito pelo presidente da DG para o governo visitar as condições em que os estudantes de Coimbra vivem, foi criada uma figura em cartão do ministro Nuno Crato, “já que este não teve coragem para vir a Coimbra”, afirma Bruno Matias. Sobre o recente convite do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho para um almoço em conjunto com todo o Movimento Associativo Nacional, o presidente da DG/AAC diz ter rejeitado “com muito orgulho” pois “o Dia do Estudante é para passar com os estudantes”. Bruno Matias assume assim uma “interpretação diferente” dos restantes dirigentes associativos nacionais. Alexandra Correia, aluna da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (UC), considera importante a posição tomada pelo presidente da DG/AAC e ressalva que “o próximo passo é ir em conjunto a Lisboa” protestar pelos direitos dos estudantes.
Os manifestantes fizeram-se ouvir através de palavras de ordem ao ritmo de versões como Grândola Vila Morena em que pediam um “ensino financiado” e a colocação dos “pontos nos i’s” no que toca às medidas do governo para com o ES. Os estudantes apelaram ainda a uma revisão justa do Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo a Estudantes do Ensino Superior e também à revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior.
João Pinto Ângelo, aluno da Faculdade de Direito da UC, juntou a sua voz às das centenas presentes na manifestação e recorda que “há algumas pessoas que querem os estudantes do ES estejam de mãos e pés atados, mas a verdade é que os estudantes lutam, como se viu hoje, pelo seu direito a estudar”.
Os estudantes ataram as mãos entre si em consonância “com a asfixia enorme” que se faz sentir no ES, explica Bruno Matias. O presidente da DG/AAC acrescenta que o edifício se cobriu de preto “em sinal de protesto para com o governo” e exigindo alterações “nas medidas de ação social e do financiamento”
“Nós sairemos à rua sempre que necessário defender os direitos dos estudantes”, afirma Bruno Matias. “O dia de hoje foi uma grande vitória” e “é preciso não ter receio de bater com o pé quando é necessário”, remata.
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