Comunicar, investigar e educar são três diretrizes defendidas pelo cientista polar José Xavier. 2016 marca o regresso do português ao Polo Sul. Por Rita Lima
As alterações climáticas e a adaptação dos animais da Antártida a essas mudanças são algumas das áreas de trabalho de José Xavier, investigador da Universidade de Coimbra (UC), hoje homenageado como Membro Honorário do Instituto British Antarctic Survey (BAS). Membro da instituição há quase 20 anos, José Xavier coordena o programa que avalia a ecologia alimentar de animais do Polo Sul e é um dos cientistas com mais trabalho realizado sobre as regiões polares.
Numa semana em que Paris recebe a Conferência do Clima, o investigador realça a importância de levar a ciência a decisões políticas e à educação, para que se tome consciência de que as alterações climáticas “estão para ficar e que a palavra-chave vai ser adaptação”. Para José Xavier, os estudos desenvolvidos na Antártida são importantes para perceber de que forma os animais se adequam às mudanças climáticas e “como as cadeias alimentares no mar vão funcionar no futuro”.
Apesar de galardoado com o prémio Martha T. Muse em 2011 e tendo já realizado várias expedições ao Polo Sul, o cientista considera que “ainda há muito a fazer” nas questões climáticas. Por essa razão, parte de novo para novo trabalho de campo em janeiro, para perceber como é que as espécies se adaptam à poluição. O investigador considera este estudo pioneiro e importante dado que, sendo “a Antártida conhecida por ser pouco poluída”, é possível perceber “como a transferência de metais pesados pode ocorrer, de um modo natural, ao nível da cadeia alimentar”.
Com os conhecimentos científicos adquiridos, o investigador pretende criar uma mudança de pensamento que altere leis a nível internacional. Em Coimbra, José Xavier tem como intenção promover “atividades educacionais com escolas” para esclarecer as gerações mais novas sobre questões como “porque razão os ursos polares não comem pinguins, o que é ser cientista ou porque é que a Antártida é importante”. Mas deixa a advertência a todas as gerações: “Se não se tomarem medidas, os verões vão ser mais quentes, os invernos mais rigorosos e os climas mais adversos”.
Fotografia gentilmente cedida pela Universidade de Coimbra
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