Cimeira juntou cerca de 150 chefes de estado e 200 países para discutir os efeitos das alterações climáticas e estabelecer metas para os atenuar. Por Rita Palhota e João Ruivo
Limitar a temperatura do planeta a 1,5ºC, acelerar a eliminação gradual da utilização de combustíveis fósseis e passar a zero o nível de emissões líquidas. Foram estes os principais pontos aprovados na Cimeira do Clima em Paris, que decorreu entre 30 de novembro e 11 de dezembro. O objetivo comum é, então, contribuir para a redução da temperatura global.
Acerca do balanço da cimeira, Helena Freitas, docente do Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e deputada à Assembleia da República pelo PS, afirma que “está aberto um caminho comum no sentido de definir um plano de energia global”. Acrescenta ainda que “juntar numa cimeira cerca de 150 chefes de estado e conseguir um acordo que envolve 200 países” é importante para existir um princípio comum, uma vez que o planeta necessita de políticas internacionais.
Por outro lado, Manuela Cunha, membro da direção executiva do Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV), considera que as metas atingidas na cimeira deixam muito a desejar, uma vez que “por muito que se aponte números e graus a atingir, não fica nada de concreto”. Argumenta também que enquanto se fala deste acordo, “continua a avançar-se com [outros] acordos e tratados internacionais que são uma ameaça para o clima, como, por exemplo, o Tratado Transatlântico”. Segundo a dirigente do PEV, este tratado liberaliza “o comércio internacional e a circulação de mercadorias pelo planeta com os custos ambientais que isso acarreta”.
No que diz respeito a resultados claros do encontro de Paris, há “a possibilidade de cada estado ter o seu plano de ação, podendo ser revisto a cada cinco anos, ser mais ambicioso em determinados momentos”, salienta Helena Freitas. Já Manuela Cunha prefere sublinhar a adesão de países como os Estados Unidos da América, “o maior poluidor per capita do mundo”, ou a China, “que pela sua população e crescimento é outro dos grandes poluidores atuais”, ao documento final.
Em termos de medidas concretas de combate ao aquecimento global, Helena Freitas considera que “os programas educativos deviam ter mais informação e ter um papel mais ativo e importante”. A docente da FCTUC refere ainda a importância de “ter estratégias regionais, municipais, de forma concertada e em rede, para ao longo do século responder a este desafio global”. Ao mesmo tempo, Manuela Cunha incentiva o consumo local a fim de reduzir as emissões de CO2, apelando a que “aquilo que se come seja produzido o mais perto possível do prato” e que as cantinas públicas deviam estar fornecidas com produtos regionais.
A Cimeira do Clima é uma conferência anual da Organização das Nações Unidas, em que se discutem os efeitos das alterações climáticas e medidas para as combater. A próxima decorre em Marrocos, entre 7 e 18 de novembro de 2016.
Fotografia: D.R.
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