A Comissão Organizadora da Queima das Fitas 2016 está a repensar os moldes da Garraiada. O objetivo passa por conciliar opiniões contra e a favor, sem deixar de parte a tradição. Por Rita Espassandim e Gabriela Salgado
A “Queima das Farpas”, movimento contra o espetáculo tauromáquico, incita, este ano, os estudantes e a comunidade coimbrã a manifestarem-se contra a Garraiada da Queima das Fitas de Coimbra. Está em marcha uma petição desde o ano passado e, agora, é também sugerido o envio de ‘e-mails’ com o pedido para as entidades responsáveis pela organização da atividade.
Com o avançar desta iniciativa, a Comissão Organizadora da Queima das Fitas 2016 (COQF’16) e o Conselho de Veteranos (CV) têm recebido inúmeras mensagens. João Luís Jesus, representante do CV, diz já ter sido contactado “cem vezes” através de correio eletrónico com este tipo de pedidos.
O secretário-geral da COQF’16, Luís Lobo, , declara que, para além dos ‘e-mails’ já referidos, têm “conhecimento de que nos anos anteriores existem pessoas que se manifestam em frente ao coliseu e outras que formam vários movimentos «anti-Garraiada» nas redes sociais”.
Todos os anos, o Grupo Ecológico da Associação Académica de Coimbra (GE/AAC) “organiza uma atividade contra este evento, com o intuito de alertar a comunidade para os direitos dos animais”, explica João Luís Jesus.
O presidente do GE/AAC, Tiago Mendes, relembra que o grupo “organiza estas manifestações desde a década de 1980”, pois considera que “nem todas as tradições são corretas” e “os animais não têm de sofrer para diversão do ser humano”.
A Garraiada começou a ser incluída na Queima das Fitas pela primeira vez nos anos 30 do século XX. É uma das atividades com mais tradição e adesão por parte dos estudantes, por, refere o representante do CV, “a praça de touros estar sempre ocupada a 90, 95%”. Esta surge também como uma “festa de despedida, uma forma dos fitados exibirem as suas fitas pela última vez”, declara.
A COQF’16 e o CV estão a reunir esforços para “reestruturar as atividades tradicionais da Queima das Fitas, de modo a evoluir com o tempo e com a sociedade”, explica Luís Lobo. Sublinha ainda que não é objetivo terminar com esta atividade em particular, mas sim repensá-la para, no futuro, a concretizar noutros moldes.
João Luís Jesus completa esta ideia: “a Garraiada é um evento que ainda mobiliza muitos estudantes dentro da Academia e, por isso, não faz sentido acabar com ela, mas sim arranjar soluções para que o evento evolua, tendo em conta a realidade atual”.
Para Tiago Mendes, a solução ideal seria “acabar de modo definitivo” com a Garraiada organizada pela Queima das Fitas. Ainda assim, o representante do GE/AAC compreende que seja “muito difícil, a curto prazo, que a organização acabe já com tudo”.
Para além da Garraiada, “a Queima das Fitas organiza também a primeira tourada do calendário das lides nacionais”, explica Tiago Mendes, que considera que a segunda é muito mais agressiva para o animal do que a primeira. O presidente do GE/AAC compara a distinção entre as duas com a diferença entre uma pessoa “ser esfaqueada ou apenas espancada”. Conclui ainda que para o Grupo Ecológico já seria uma vitória se “a Queima das Fitas deixasse de organizar a tourada, que tem acontecido nos últimos anos”.
O Jornal Universitário de Coimbra – A Cabra tentou, até ao fecho do artigo, contactar o movimento “Queima das Farpas”, sem que tal se revelasse possível.
Fotografia: D.R.
[atualizado às 0h34]
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