Uma peça em que a arte musical tem um papel decisivo, para um público de todas as idades. A história, em si, é de fácil compreensão, através de elementos que suscitam a imaginação da audiência. Por Carlos Almeida e Carolina Marques
O espetáculo “The Wolf and the Rose”, produzido pela companhia de teatro As Marionetas da Feira, em parceria com a banda a Jigsaw, é inspirada na lenda medieval do “Lobo de Gúbio”. Apesar de as músicas utilizadas serem em inglês, a peça, estruturada em vários atos, “tem sempre um preâmbulo falado em português, que não impede a perceção do texto por parte das crianças”, explica Rui Sousa, membro d’As Marionetas da Feira. A peça que retrata um amor impossível entre o soldado Dugan e a sua amada Francisca é lançada esta quinta-feira, 14, no Teatro da Cerca de São Bernardo (TCSB), e tem duração até 16 de abril.
O projeto iniciado há cerca de três anos “foi um desafio muito interessante”, segundo João Rui, multi-instrumentista e vocalista da banda. Durante a peça é utilizada “uma linguagem onde a narração da história é cantada em tempo real”, conta Rui Sousa. O membro da companhia de teatro acrescenta que esta é uma inovação em relação a outros tempos, onde eram precisas “grandes estruturas, pois eram necessárias muitas pessoas para as marionetas, e a banda fixava-se à frente”.
O espetáculo, transversal a todas as idades, é de fácil compreensão mesmo para as crianças. “Nós temos todas as ferramentas para elas entenderem”, explica Rui Sousa. “Mesmo que haja alguma criança surda, ela vai perceber porque nós narramos as histórias com cenários, marionetas, iluminação e elementos cénicos”, refere. As personagens principais da peça apresentam “feições quase nulas, pois está documentado na marioneta-terapia que quanto menos rosto os bonecos tiverem, mais as crianças conseguem imaginar as caras à sua maneira”, elucida Rui Sousa.
A ligação entre a música e as marionetas esteve sempre presente. O papel da música tornou-se decisivo pois “as letras são a história”, salienta João Rui. O vocalista nunca considerou a marioneta com sendo algo “fora de moda”, porém aponta que, em relação ao passado, “já não é algo tão comum as pessoas verem”. Ainda assim defende que esta arte não está acabada, “senão a música ao vivo e o teatro também o estariam”. Rui Sousa sustenta que, em Portugal, “o panorama das marionetas está ótimo, há muito trabalho e as companhias estão a sair para o circuito internacional”.
Com uma maturação de três anos, este projeto é possível devido a uma junção de esforços e a “uma amizade e empatia fortes”, que implica “uma capacidade crítica sincera e clara”, explica Rui Sousa. Esta é, segundo João Rui, a base de todo o processo de criação e desenvolvimento de qualquer conceção artística.
Fotografia: Carolina Marques
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