Evento reanima obras mais antigas de Domenico Vandelli, que remontam à Antiguidade Clássica. Objetos dos gabinetes de curiosidades naturais são mostrados ao público. Por Mariana Bessa e Rita Espassandim
De Pádua surgiu a inspiração para a exposição “Ex Libris Vandelli”, baseada no legado de Domenico Augustino Vandelli, naturalista italiano com trabalhos nas áreas de História Natural e de Química. Entre 28 de abril e 26 de setembro é possível explorar, no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (MCUC), um fragmento da vida do também fundador desta instituição e as obras que o inspiraram. Este evento insere-se no programa da 18ª Semana Cultural da UC e na comemoração do bicentenário da morte de Vandelli.
No coração da exposição podem ser admirados livros de personagens anteriores a Vandelli. Tal como explica o vice-presidente do MCUC, Pedro Casaleiro, na sua maioria estes “não são de observações, mas sim de transcrições da Antiguidade Clássica, que acrescentavam o contexto social dos animais e o seu significado para o Homem”. Apesar de antigos, acrescenta que estão presentes pela “influência que tiveram nos livros seguintes”.
Carlos Lineu, apontado por Pedro Casaleiro como a “estrela do século XVIII”, foi quem teve a iniciativa de “classificar todos os seres vivos do mundo”, no livro “Systema Naturae”, que também pode ser visto na exposição. Para o vice-presidente do MCUC, este foi um percursor do “estudo da organização sistemática da botânica”, que propôs a “classificação das plantas de acordo com o sistema sexual”. Este sistema, que “era desconhecido no meio científico da época”, foi mais tarde adotado por Vandelli.
Além das obras “Diccionario dos termos technicos de Historia Natura” e “Florae lusitanicae et brasiliensis”, pode ver-se também um vasto leque de objetos vindos dos “gabinetes de curiosidades naturais dos séculos XVI e XVII”, como informa Pedro Casaleiro. Entre a primeira e a última vitrine podemos observar, entre outros, conchas de nautilus, pedras de bezoar, cocos das Maldivas, objetos feitos em chifre, colares de dentes de macaco, trompas de marfim, ovos de avestruz e fósseis com formas.
O vice-presidente do CMUC sublinha que a exposição pretende sobretudo “transmitir o acervo histórico do espaço e dar a explorar aquele que é o museu mais antigo de História Natural em Portugal”, fundado pelas primeiras coleções que surgiram neste âmbito.
Fotografia: Rita Espassandim
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