Cultura

Garraiada da Queima das Fitas apresentada em novos moldes

Decisão tomada entre a COQF’16 e o Conselho de Veteranos aponta para a realização do evento tauromáquico mediante alterações. Órgão organizador vai prestar esclarecimentos e apresentar a nova configuração do acontecimento. Por Philippe Alexandre Baptista

No 7 de abril de 2016 a Comissão Organizadora da Queima das Fitas de 2016 (COQF’16) concretizou uma modificação no que diz respeito às suas atividades. A COQF’16 e o Conselho de Veteranos (CV) tomaram a decisão de não continuar a novilhada popular, acontecimento que tinha lugar, até às edições anteriores da Queima das Fitas (QF), durante a Garraiada. O evento é alvo de contestações por parte de diferentes organizações estudantis, das quais se destaca o movimento Queima das Farpas.

Segundo o dux veteranorum da Universidade de Coimbra, João Luís Jesus, “a única coisa que foi modificada foi a parte da agressão, que vai ser substituída por uma outra iniciativa que não comporta violência para preservar ao máximo a integridade do animal”. O secretário geral da COQF’16, Luís Lobo, esclarece que “vai existir na mesma um evento tauromáquico, apenas a novilhada popular, que cria maior contestação estudantil, vai ser alterada por uma outra iniciativa”. Em resposta às críticas que remetem para o caráter brutal deste evento, acrescenta que, “desde a QF do ano passado que se nota um défice de participação, da parte dos estudantes, nestas atividades”.

A COQF’16 repara também nesta fraca adesão. Luís Lobo destaca o objetivo de “revitalizar a estrutura das iniciativas tradicionais, pois estas têm caído no esquecimento por parte dos estudantes”. Salienta que estes eventos “já não estão adaptadas aos novos tempos” e assim “a função principal dos organizadores resume-se à sua reestruturação, em arranjar maneiras de formar uma melhor afluência e adesão pelos alunos”.

Sobre a implicação que esta decisão tem no desenrolar do evento, Luís Lobo esclarece que se vão efetuar “pequenas alterações em todos os acontecimentos e, para as próximas edições, espera-se que sejam cada vez mais reconhecidas as atividades da QF, com uma maior participação estudantil e com o reconhecimento da tradição que existe na festa”.

A importância destas modificações também foi salientada por Ana Bordalo, membro da Queima das Farpas. Embora mostre apoio à decisão tomada, lamenta o facto de ainda “não ter impacto suficiente no que diz respeito à extinção de animais”. Assim, Ana Bordalo afirma que o movimento discorda que “foi abolida a violência, pois apenas foi abolida uma forma de violência”. Acrescenta ainda que “o que impede o movimento de festejar esta decisão é o facto de querer uma alternativa ao uso de animais”.

Todas as partes concordam que se deu um passo em frente com a tomada destas decisões. O membro da Queima das Farpas declara que “o diálogo que houve da parte da COQF’16 para ouvir o movimento e encontrar soluções foi algo de positivo”. O secretário geral da COQF’16, por seu lado, resume a necessidade de evoluir, já que, “hoje em dia, existem mais preocupações com os direitos humanos e os dos animais e a QF deve inserir-se nesta dinâmica”.

Amanhã, dia 9, vai ter lugar uma conferência de imprensa onde a COQF’16 vai anunciar os novos moldes em que vai ser efetuada a Garraiada.

Queima das Fitas no Porto

Fotografia: D. R.

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