Ciência & Tecnologia

Plataforma presta cuidados a jovens em situações de risco

Projeto personaliza os seus cuidados de forma a respeitar as características individuais de cada pessoa. Objetivo é fornecer bases para uma entrada na sociedade ativa. Por Flávia Alves

Um projeto inovador levado a cabo pelo investigador da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), João Pedro Gaspar, foi lançado no início deste ano. Este caracteriza-se como um auxiliar e prestador de cuidados a jovens que já se encontraram em casas de acolhimento. A iniciativa denomina-se PAJE (Plataforma de Acolhimento a Jovens Ex-acolhidos) e tem neste momento mais de 20 indivíduos a seu cargo. O investigador da FPCEUC tem verificado, desde 2000, determinadas carências que “levaram a que fosse pensado um trabalho de apoio a alguns casos pontuais, sendo que se foram multiplicando conduzindo à criação da PAJE”.

A plataforma dedica-se em exclusivo a esta problemática pois, “como existem associações que protegem as vítimas de violência doméstica e familiar, faz sentido que se criem também associações que defendam estes jovens que, em tão tenra idade, foram arrancados às suas famílias para delas serem protegidos”, afirma João Pedro Gaspar. O investigador da FPCEUC também denuncia o estereótipo que envolve estes jovens, o que os torna vítimas, “de forma paradoxal, da própria família e, de grosso modo, da sociedade”.

A PAJE intervém nos casos em que os jovens “não conseguem, durante o tempo de acolhimento, desenvolver competências e ter redes sociais que lhes possa depois dar suporte quando terminam o período de acolhimento”, explica João Pedro Gaspar.

Este projeto proporciona um cuidado personalizado e soluciona questões relacionadas com necessidades básicas e de natureza burocrática, tais como “preenchimento de IRS, contrato de arrendamento e abertura de conta”, explicita o investigador da FPCEUC. Outro dos eixos de atuação baseia-se na formação dos cuidadores que já trabalharam com crianças durante a fase de acolhimento e eventuais ou futuros cuidadores dessas crianças. O último ponto de ação é o acompanhamento em contexto prático de forma a “não só apagar os fogos agora como também preveni-los no futuro”, afirma João Pedro Gaspar.

De maneira a que tal se concretize, a PAJE vai realizar durante a Queima das Fitas atividades de forma a reunir fundos para a continuação da plataforma. As iniciativas consistem em venda de símbolos da PAJE na presença de voluntários “à entrada do recinto, com uma moldura do projeto, onde as pessoas podem mascarar-se de índio e tirar a sua fotografia, ao mesmo tempo que contribuem com aquilo que entenderem”, revela o investigador da FPCEUC. Acrescenta ainda que esta “é uma forma de divulgar e também de contribuir”. De futuro, a plataforma vai estar presente em amostras culturais de forma manter o seu projeto em funcionamento.

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Fotografia: Sílvia Santos

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